ATÉ A VOLTA, PROFESSORA ALESSANDRA

Queridos antenados,

Hoje a notícia é de que a nossa querida professora Alessandra estará nos deixando por um tempo. A professora Alessandra foi convidada para trabalhar na Regional do Guará, em uma missão muito importante. Estamos felizes e tristes. ao mesmo tempo Felizes porque são novos desafios para a Alê, e tristes, porque despedida é algo que dói. Sempre. Mas é mais uma amiga que encontramos e iremos encontrar nos caminhos da educação. A equipe do BLOG CEF 10 Guará deseja muito sucesso à professora Alessandra e estaremos sempre interagindo por aqui. A coordenadora do BLOG, professora Helena, não perdeu tempo e fez uma de suas crônicas dedicada à professora Alê, e aproveita para dedicar a todos os professores que passam por várias Escolas, e encontram a grande dificuldade de construir relações em um tempo tão sacrificado que é o tempo dos educadores. Um abraço bem apertado, Alê. 

O TEMPO DA GENTE

Na Escola, o tempo é diferente de todos os outros lugares.  O tempo, na Escola, é algo que não se vê. Às vezes se vê muito, INFELIZMENTE. A vida da gente na Escola é contada por ano letivo, horas-aulas, oitocentas horas-aulas, duzentos dias letivos, sete e quinze, doze e quinze, treze horas, dezoito horas. E por aí vai. Oitocentas horas-aulas? Duzentos dias letivos? Seria tempo demais? Penso que sim. Tempo suficiente para se dar a luz a uma pessoa, não é mesmo? E para as relações? É tempo suficiente? Na Escola, o tempo
da gente é diferente. É tempo, digamos assim, quase desumano. Ontem chegou o documento para a inscrição na feira de ciências. Mas já irá acontecer daqui a alguns dias? Vamos que vamos, para que tudo dê certo. Quanto desespero. No final, tudo acontece. Graças ao amor que cada um oferece por aqui. E o tempo para se conhecer? Duzentos dias letivos é suficiente? Sei lá. Nem me perguntem. Alias, quem é o Amauri que faz aniversário no mês de julho? Pergunto eu. Ele trabalha na cantina. Ah. Obrigada. O nome da moça que trabalha na portaria é Carmem? É. Você trabalha aqui há três anos e não sabia? Verdade. Eu não sabia. O tempo da gente é algo a ser estudado por Freud, como diria uma querida colega nossa. O tempo que passa. As pessoas que passam. A saudade que fica de alguém, que sequer tivemos a oportunidade de conhecer melhor. Final do ano  tem festa natalina. Com certeza sobrará um tempo para conversar com o colega que se sentará ao meu lado no restaurante. O tempo da gente não nos livra da saudade. Isso não. Saudade dos alunos que seguirão seus caminhos em novas caminhadas. Saudades daqueles que foram descansar dos vinte cinco ou trinta anos de jornada. Saudades. A minha mais nova saudade será da ALESSANDRA. Com a Alê, eu converso aquilo que não converso com a Sheila, com a Ivanilde, com a Alda, com a Beth, com o Flávio. Lá o papo é diferente. Aliás, cada um tem a sua deliciosa especificidade. O Flávio sabe da minha paixão pelo FLU. A Sheila conhece tudo do Diego. Eu sei que a Beth tem filhos maravilhosos. E, claro, da Ivanilde, eu sei quase tudo, e talvez, por isso, eu seja sua fã incondicional. E por aí segue. Conversamos. Conversamos sim. No tempo da gente. Nos reduzidíssimos minutos do intervalo. Na carona, de volta para casa. Nas greves(quanto tempo rico foi aquele). Tempo rico de se conhecer melhor uma MARIA. No sábado, durante as reposições, enquanto o aluno nos apressa para que voltemos para a sala. “professora, tem o dever para corrigir”. Ah, no caminho para o estacionamento. Preciosos segundos que não se perde. É o tempo da gente. A Alê, com o seu sorrido encantador, encontra um tempinho daqui, outro dali, e eu encontro nela tantas e tantas qualidades. Mãe presente. A primeira qualidade da qual posso citar. É MÃE para ninguém botar defeito. Mulher ousada, bonita e que sabe viver a vida. Mulher e professora que vive seus dramas do dia-a-dia como tantas e tantas outras mulheres e professoras brasileiras.  Administram tudo ao mesmo tempo. Casa, trabalho, filhos, maridos, colegas. Mas sempre encontra tempo para sorrir. Um sorriso encantador. Por trás do sorriso, infelizmente, muitas lágrimas também. A tal da TPM é uma das grandes I-responsáveis por elas. Além de outros causadores que são peculiares a todos nós. Agora o tempo dela será dedicado a outro projeto. Novos desafios. A Alê nos deixa, mas o tempo da gente sequer nos deu chance de a conhecer melhor. Fica aqui uma platéia que a conhece nos pequenos minutos que o tempo da gente nos permitiu. O tempo da chegada e o tempo da partida. A vida é um círculo. A gente ainda se encontra. Sabedora da bondade de todos nós, a gente espera e deseja que tudo dê certo para nossa colega Alê. Ficamos aqui, no tempo da gente, e a Alê irá viver outros novos tempos. Que Deus ilumine cada passo da estrada da Alê. A saudade fica, mas a alegria de reconhecer os desafios irá sobrepujar esses momentos da despedida. Não conheceremos mais o tempo da Alê. Teremos certeza de que ela estará empenhada na mesma missão para a qual nós nos incumbimos. A EDUCAÇÃO. Isso é o que importa. Alé, abra a porta e conheça a nova estrada. Plante rosas glamorosas por lá. De cores bem lindas e perfumadas. Muito cuidado com os espinhos. Eles sempre existirão. Escolha uma bem linda e coloque atrás da orelha. Fique mais linda ainda e presenteie nossos jovens com o jardim da sabedoria, do amor, do perdão, da amizade. Isso é o que irá importar. Sempre. Beijo.